Caros alunos
Escrevo essa breve carta no sentido de manifestar minha posição a respeito dos últimos acontecimentos no interior do movimento de greve na USP.
Considero importante assinalar que ainda que haja reivindicações e pautas distintas entre os três setores ativos da universidade – alunos, funcionários e professores – é necessário apontar um aspecto que agora une todos nós. Trata-se da urgência da retomada das discussões a partir do entendimento sério, democrático e respeitoso do diálogo.
Neste sentido, a permanência das forças policiais no campus da USP deve ser repudiada, pois greve não é caso de polícia nem baderna. É um direito de todos enquanto trabalhadores e cidadãos. Sabemos que outros mecanismos e estratégias de negociação baseados nos direitos e deveres entre os interessados devem ser usados. Uma negociação com uma arma em nossa mira não seria democrático.
Vários relatos confirmam que muitos de nossos conhecidos foram agredidos, mesmo que um grupo de professores, alunos e funcionários tenha se esforçado no sentido de pedir calma e menos truculência aos policiais no dia 09 de junho.
São lamentáveis estes episódios em que a força e o poder das idéias trabalham contra o esclarecimento e alimentem o desconhecimento de um trabalho ardiloso de por fim ao direito de negociação. Os tempos estão mudando e nem no interior da universidade estamos conseguindo abrir espaço para discussão. Seria o fim da universidade pública, autônoma e de excelência acadêmica? Creio, com pesar, que mais do que uma pergunta de retórica esta pode ser uma hipótese que vem se confirmando com um conjunto de projetos e decisões tomadas por apenas um grupo reduzido de dirigentes que interferem na nossa prática docente e discente. Por exemplo, a carreira docente e a UNIVESP para a profissionalização de professores para a educação básica.
Vemos, simultaneamente, um desgaste, uma descrença nos movimentos coletivos, um grande desconhecimento dos motivos da insatisfação entre nós, informações desencontradas e toda sorte de problemas ao se construir um espaço democrático.
Posto isto, na tentativa de colaborar com o diálogo bem como uma alternativa a mais de circulação de idéias, proponho fazer deste espaço – nosso blog - um veículo de trocas de notícias sobre os acontecimentos, a fim de estabelecer debates entre nós e a comunidade fora da USP.
Não abdiquemos de explicar aos nossos familiares os motivos que nos levam a esta paralisação. Mandem e-mails contanto fatos ou enviando fotos que estimulem a franca posição para a negociação.
Bom, trabalho para todos.
Graça
15 de junho de 2009.
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