quinta-feira, 17 de maio de 2018

Pesquisa Adriane Knoblauch

A influência da religião no processo de socialização profissional: um estudo sobre a formação inicial docente
Pesquisa pós-doc
Conclusão em 2014

Resumo:
O interesse pela influência da religião no processo de socialização profissional docente se deu em decorrência da constatação do alto número de estudantes do curso de Pedagogia que se diziam religiosos em uma instituição federal de ensino superior do sul do país. O objetivo foi compreender as relações que se estabelecem entre: percepções acerca do curso de Pedagogia, disposições religiosas e disposições seculares veiculadas pelo referido curso. Os dados foram coletados por meio de questionários aplicados em diferentes momentos com um grupo de alunos e também por entrevistas em profundidade com 6 alunas, sendo cinco religiosas (duas menonitas, duas católicas e uma da Assembleia de Deus) e uma não religiosa. Religião foi entendida como uma construção cultural que produz sentido para a vida, e também como uma instituição com fortes relações com o poder político legitimando o arbitrário e, assim, mantendo a ordem simbólica. Além disso, considerou-se a religião, ao lado da família, mídia e escola, como agentes socializadores, matrizes de cultura que produzem valores morais e identitários, modos de vida e de conduta que orientam escolhas, apreciações e ações dos agentes. A análise dos dados, subsidiada pela teoria sociológica de Pierre Bourdieu, apontou que frente a agentes socializadores diversos e, no recorte aqui apresentado, não complementares entre si, as normas de comportamento e condutas veiculadas pelas diferentes religiões têm um peso maior e definem o que pode ser incorporado e o que não pode durante a formação docente veiculada pelo curso de Pedagogia, sobretudo no que se refere às questões relativas à produção de gênero, orientação e identidade sexual. Em algumas situações, houve espaço para construção de um pensamento mais crítico, como a necessidade de igualdade entre homens e mulheres, mas esse pensamento mais crítico é acionado dentro dos limites do que já é convencionalmente mais aceito. Para questões mais polêmicas, o aprendizado ocorreu no limite do que suas crenças permitiam, constituindo assim, um habitus com disposições híbridas, ou seja, ora seculares ora religiosas, o que se constitui como um desafio para uma educação laica e tolerante para com as diferenças.

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